PET Nutrição
Artrite reumatoide e dieta anti-inflamatória
por Talissa Dezanetti
Você sabe o que é artrite reumatoide? A artrite reumatoide é uma doença autoimune, de caráter inflamatório e de causa desconhecida, caracterizada por levar à deformidade e à destruição das articulações, em virtude da erosão óssea e da cartilagem. A maioria das pessoas acometidas pela doença, apresenta períodos de melhora e outros de exacerbação. Com a progressão, os pacientes, que são com frequência afetados em seus anos mais produtivos no trabalho, acabam desenvolvendo a incapacidade de realizar suas atividades, tanto em casa como na vida profissional, com impacto significativo tanto para o acometido pela doença quanto para a sociedade (LOUZADA-JUNIOR et al., 2007). Essa doença afeta duas vezes mais as mulheres do que os homens e sua incidência aumenta de acordo com a idade (LAURINDO et al., 2004).
Na artrite reumatoide há uma interação complexa de vários tipos de células do sistema imune, como os macrófagos, fibroblastos, mastócitos, células B, células T, células dendríticas, células plasmáticas e osteoclastos, que ocorre por meio das citocinas. Essa interação é responsável pela lesão articular que começa no tecido sinovial, que é a membrana que protege as articulações e secreta os lubrificantes que permitem os movimentos adequados dos ossos. A sinovite é causada pela ativação local dessas células que fazem a membrana sinovial se expandir e formar vilosidades. Além disso, através da interação dos fibroblastos sinoviais com os linfócitos T, devido a uma ativação anormal no osteoclasto, ocorre a expressão de um mediador muito importante na perda de massa óssea, que acaba destruindo de forma progressiva a massa óssea ali presente. Também, enzimas são secretadas por outras células ali presentes, que começam a degradar a cartilagem. Dentro das articulações, ocorre a expressão de mediadores inflamatórios, que leva a inflamação sinovial (PEREIRA; SERPA, 2013).
Além disso, como representado no estudo de Castillo-hernandez et al. (2017), pacientes com artrite reumatoide e que são obesos estão mais propensos à resistência insulínica, então deve-se ter um controle também sobre outros aspectos, como o peso, para não haver outras complicações no paciente, como a Diabetes Mellitus. Assim, por ser uma doença de caráter inflamatório, podemos associar parte do tratamento da doença com uma dieta com perfil anti-inflamatório.
De acordo com a tabela construída por Shivappa et al. (2013) do índice inflamatório de alguns alimentos e compostos de alimentos, devemos priorizar alimentos que sejam anti-inflamatórios e que podem, junto de um tratamento adequado, reduzir os efeitos da doença, como alimentos que contém fibras (frutas, saladas, produtos integrais), gengibre, orégano, açafrão, cebola, açafrão, chá verde/preto e que contenham ácidos graxos ômega 3 (como azeite de oliva, linhaça, sardinha, etc), ácido fólico, manganês, vitamina B3 (niacina), vitamina A, D, E e C, beta-caroteno, cafeína, isoflavonas, flavonas, flavonóides, etc. E evitar alimentos processados e ultraprocessados, que contém gorduras saturadas, gorduras trans, carboidratos com baixo teor em fibra, açúcar, como salgadinhos, bolachas industrializadas, sorvetes, doces, fast-foods, entre outros alimentos de alto índice inflamatório.
Cabe então, ao nutricionista verificar no momento da anamnese com o paciente acometido pela artrite reumatoide, os alimentos consumidos, e assim, montar um plano alimentar que contemple os alimentos anti-inflamatórios. Além disso, é interessante o profissional, incentivar o consumo de temperos e especiarias in natura, uma vez que constituem um grande grupo de alimentos anti-inflamatórios. Também é importante ressaltar que além da dieta anti-inflamatória é preciso que o paciente se mantenha em tratamento seguindo as recomendações médicas.
Portanto, por ser uma doença crônica e que quando não tratada, pode levar a deformidades graves na articulação e até mesmo irreversíveis, gerando como consequência, incapacidade funcional e impacto econômico e social na vida do indivíduo acometido, o cuidado multiprofissional e intersetorial é necessário para que o paciente tenha qualidade de vida, e receba atenção de distintos profissionais, tais como médico, farmacêutico, nutricionista, fisioterapeuta e psicólogo (FALEIRO; ARAUJO; VARAVALLO, 2011).
Palavras chave: artrite reumatoide, dieta, inflamação, anti-inflamatório, alimentos
Referências
CASTILLO-HERNANDEZ, Jesus et al. Obesity is the main determinant of insulin resistance more than the circulating pro-inflammatory cytokines levels in rheumatoid arthritis patients. Revista Brasileira de Reumatologia (english Edition), [s.l.], v. 57, n. 4, p.320-329, jul. 2017. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.rbre.2017.01.008.
FALEIRO, Lilian Resende; ARAUJO, Lucia Helena Resende; VARAVALLO, Maurilio Antonio. A terapia anti-TNF-a na artrite reumatóide. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, [s.l.], v. 32, n. 1, p.77-94, 30 jul. 2011. Universidade Estadual de Londrina. http://dx.doi.org/10.5433/1679-0367.2011v32n1p77.
LAURINDO, Imm et al. Artrite reumatóide: diagnóstico e tratamento. Revista Brasileira de Reumatologia, [s.l.], v. 44, n. 6, p.435-442, dez. 2004. Springer Nature. http://dx.doi.org/10.1590/s0482-50042004000600007.
LOUZADA-JUNIOR, Paulo et al. Análise descritiva das características demográficas e clínicas de pacientes com artrite reumatóide no estado de São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Reumatologia, [s.l.], v. 47, n. 2, p.84-90, abr. 2007. Springer Nature. http://dx.doi.org/10.1590/s0482-50042007000200002.
PEREIRA, Pamela Cristiani Dias; SERPA, Fernanda. Artrite reumatoide e o seu aumento na incidência de resposta do sistema imunológico. Revista Brasileira de Nutrição Funcional, v. 55, p.12-18, 2013.
SHIVAPPA, Nitin et al. Designing and developing a literature-derived, population-based dietary inflammatory index. Public Health Nutrition, [s.l.], v. 17, n. 08, p.1689-1696, 14 ago. 2013. Cambridge University Press (CUP). http://dx.doi.org/10.1017/s1368980013002115.
