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Ganho de peso e a necessidade de fazer dieta ou ganho de peso devido à dieta?

Por Caleb Ribeiro


Nas duas últimas décadas, a prevalência — que se refere ao número total de casos existentes de uma determinada doença, em uma determinada população e em um determinado tempo — de obesidade e seus consequentes problemas de saúde teve um crescimento agudo. Muitos podem pensar que a solução para os casos não severos dessa doença seriam, entre os principais, a prática de dietas restritivas, entretanto, essa pode não ser a solução, já que diversos dados clínicos hoje em dia confirmam o reganho de peso, podendo até ultrapassar o valor anterior à dieta.


Existem pelo menos 3 explicações para que essa prática tão comum e tão disseminada não seja tão efetiva. Primeiro, uma dieta restritiva pode levar a uma preocupação exagerada com a alimentação e ocasionar eventos de compulsão alimentar que poderão vir a causar um aumento no peso do indivíduo. Segundo, a perda de massa magra e diminuição da taxa metabólica pelo balanço energético negativo — que consiste em consumir uma menor quantidade de calorias do que as gastas pelo corpo — pode desencadear reações ‘defensivas’, podendo ser psicológicas ou fisiológicas, para restaurar a perda de peso. Terceiro, também chamado de ‘paradoxo da obesidade’, inverte a direção de causalidade entre o ganho de peso e estar em uma dieta, ou seja, a dieta é vista simplesmente como uma reação à predisposição do ganho de peso, e não o contrário.


Um estudo chamado Does dieting make you fat? A twin study, publicado no International Journal of Obesity, no ano de 2012, traz uma relação entre a quantidade de peso readquirida após uma Redução Proposital de Peso (RPP) e quantas vezes essas mesmas perdas de peso intencionais aconteceram. Em indivíduos que nunca tiveram um episódio de RPP, o reganho de peso após o primeiro caso foram menores se comparados aos de pacientes que já fizeram uso dessa prática anteriormente. Já em pessoas que realizaram cinco ou mais perdas de peso intencionais, o total de peso readquirido foi o maior entre todos os estudados. Ou seja, quanto mais episódios de RPP um indivíduo praticar, maiores as chances de seu peso ser restabelecido e até excedido.


Tanto o Índice de Massa Corpórea (IMC) quanto os episódios de perda de peso intencional tem “um dedinho” da genética neles. Ou seja, é possível que as pessoas predispostas ao ganho de peso e obesidade, seriam as que mais estão propensas a fazer dietas restritivas e, subsequentemente, ao reganho de peso. Porém, é complicado fazer uma distinção entre o que é causado pela genética e o que é resultado do estilo de vida. Assim, o estudo citado anteriormente, visando reduzir os vieses que poderiam ser causados por diferenças genéticas entre pacientes, estudou gêmeos univitelinos e não idênticos separando eles por faixa etária e também em “já tendo realizado pelo menos uma RPP” e “nunca realizado RPP”.


Os resultados encontrados foram os seguintes: em gêmeos univitelinos entre 16 e 25 anos, não foram identificadas grandes diferenças entre os que já realizaram pelo menos uma RPP e os que nunca realizaram, embora, em todas as faixas etárias, os gêmeos que já tinham praticado pelo menos uma RPP se encontravam com um peso levemente mais elevado que os que nunca fizeram da prática. Foi encontrado esse mesmo resultado em gêmeos não idênticos. Já acima de 25 anos, tanto gêmeos idênticos e não idênticos praticantes de RPP eram significativamente mais pesados que seus pares não praticantes.


A conclusão é que tanto gêmeos univitelinos quanto gêmeos não idênticos praticantes de RPPs eram mais pesados que seus pares não praticantes, e que essa diferença de peso entre eles aumenta com a idade. Em gêmeos não idênticos que intencionalmente perdiam peso e que eram claramente mais pesados aos 16 anos que seus pares que nunca emagreceram propositalmente pode ser um sinal de que a necessidade de estar em uma dieta surge apenas em quem é mais predisposto a obesidade.


Assim sendo, há várias explicações não genéticas que poderiam causar um aumento de peso pós-dieta, como por exemplo, respostas fisiológicas em que a restrição de calorias pode desencadear uma ‘defesa’ do corpo para restaurar o estoque de energia perdido. Há ainda a prática de atividades físicas temporariamente e a susceptibilidade genética ao ganho de peso que podem ser uma explicação para o insucesso à longo prazo da perda de peso através de dietas. Um último - mas não menos importante - fator que pode ser um revés ao tentar emagrecer é a falta de acompanhamento profissional, seja de um nutricionista no caso da prática de dietas, seja de um educador físico no caso de prática de atividades físicas e esses fatores todos combinados podem ser a resposta do título.


Referências


PIETILÄINEN, K.H; SAARNI, S.E; KAPRIO, J. & RISSANEN, A. International Journal of Obesity. Volume 36. Does dieting make you fat? A twin study, pages 456–464 (2012). Acesso em: https://www.nature.com/articles/ijo2011160

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