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Transtornos alimentares em atletas

por Fernanda Delgado e Rafaela Kobus


A busca pela performance, aliada a pressão expressa pelos patrocinadores, treinadores e familiares cria uma situação ideal de estresse físico e mental para o desenvolvimento dos transtornos alimentares (TA). Sabe-se que os TA´s são mais comuns em atletas do que em não atletas (SMOLAK, 2000; SUNDGOT-BORGEN e TORSTVEIT 2004). De acordo com Denoma et al. (2009), a estimativa de incidência de TAs subclínicos em atletas competitivos é de 20 a 70%, sendo eles prejudiciais tanto a saúde quanto ao rendimento dessa população.



TRANSTORNOS ALIMENTARES


Transtornos alimentares são definidos pela Organização Mundial da Saúde como comportamentos alimentares anormais que só podem ser diagnosticados por critérios rigorosos. São caracterizados por grandes preocupações com alimentos, peso corporal e formas que levam a comportamentos alimentares perturbados (NATTIV et al., 2007) e afetam principalmente adolescentes e jovens adultos, de ambos os sexos, levando a prejuízos psicológicos, biológicos, sociais e ao aumento da morbimortalidade. A incidência desses transtornos no meio esportivo é algo que vem sendo relatado em diversos artigos científicos, principalmente entre atletas do sexo feminino participantes de esportes onde o baixo peso é preconizado para um bom desempenho.


FATORES DE RISCO


Dentre os motivos que aumentam a prevalência de TA´s em atletas está o fato de que a composição corporal tem grande influência na performance competitiva fazendo com que muitos atletas experimentam dietas e/ou ergogênicos nutricionais na esperança de alcançar um corpo ideal a atividade realizada e, consequentemente um melhor desempenho esportivo (SBME, 2009). Além disso, atletas são extremamente competitivos e utilizam do seu corpo como ferramenta de trabalho (OLIVEIRA et al., 2003), portanto podem sofrer grandes pressões externas (técnicos, dirigentes e patrocinadores) e internas (autocobrança).


CONSEQUÊNCIAS


Períodos muito extensos de consumo de energia inadequado podem gerar alteração na menstruação, na saúde dos ossos, além de aumentar os riscos de injúrias diversas (COSTA, et al 2013). A alteração hormonal gerada pela restrição energética reduz a absorção de cálcio pelo intestino e aumenta a sua retirada dos ossos para equilibrar a concentração sanguínea (SHAPSES, 2006). É comum, também, em atletas com transtornos alimentares uma redução no consumo de proteínas (COSTA, 2013) afetando a saúde dos músculos e em consequência sua performance nas competições. Em uma população que necessita ainda mais de um consumo correto de nutrientes e energia devido ao excesso de exigência dos músculos, essa situação torna-se ainda mais agravante.


Em atletas femininas, a alteração na alimentação, o baixo consumo calórico e a redução de peso podem gerar um quadro denominado Tríade de Mulher Atleta, onde os sintomas são irregularidade menstrual (oligomenorréia num período de 35 a 90 dias entre as menstruações ou a amenorréia onde a menstruação tem uma pausa durante um período aproximadamente de 3 meses consecutivos), baixa disponibilidade de energia e osteoporose devido a perda de cálcio nos ossos (BRUNET, 2005) . A prevalência de todas as três características desta síndrome em atletas é de cerca de 4,3%, muito próxima da observada em controles saudáveis ​​(3,4%), mas a presença de pelo menos dois sintomas é variou de 5,4% para 26,4% (TORSTVEIT; SUNDGOT-BORGEN, 2005).


Dessa forma, é nítida a necessidade da prevenção de transtornos alimentares, tanto em atletas quanto não atletas, devido às suas graves consequências físicas e mentais. Porém, quando se trata de uma população de atletas, deve-se pensar que são agentes mais suscetíveis a essa realidade e por isso uma conscientização prévia do atleta, treinador e da família é essencial para não desenvolver sintomas irreversíveis e para que não afete sua saúde e desempenho. O acompanhamento de nutricionista e psicólogo são essenciais ao tratamento e prevenção. Além disso um acordo entre atleta e treinador para que atletas de peso abaixo do adequado ou com transtornos alimentares sem tratamento não participem de competições pode aumentar a adesão às terapias e impedir maior risco à saúde do praticante de esporte.


Palavras chave: Transtornos alimentares, atletas, pressão


Referências


BRUNET, M. Female athlete triad. Clinical Sports and Medicine, v. 24, p. 623-636, 2005.


TORSTVEIT M.K., SUNDGOT-BORGEN J. The female athlete triad exists in both elite athletes and controls. Med. Sci. Sports Exerc. 2005;37:1449–1459. doi: 10.1249/01.mss.0000177678.73041.38.


DENOMA, JMH ; et al. . Eating disorder symptoms among undergraduate varsity athletes, club athletes, independent exercisers, and nonoexercises. International Journal of Eating DisordersM 2009. 12(1), 47-53


NATTIV et al. The Female Athlete Triad. Medicine & Science In Sports & Exercise, [s.l.], v. 39, n. 10, p.1867-1882, out. 2007. Ovid Technologies (Wolters Kluwer Health). http://dx.doi.org/10.1249/mss.0b013e318149f111.


American Psychiatric Association Task Force on DSM-5 . Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 5th ed. Washington DC: 2013.


World Health Organization. Mental health and behavioral disorders (including disorders of psychological development) In: World Health Organization, editor. International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems. 10th Revision. Geneva: World Health Organization; 1992. pp. 311–387.


OLIVEIRA, F. P. et al. Comportamento alimentar e imagem corporal em atletas. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v. 9, p. 348-356, 2003.

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